COMO ESTUDAR INGLÊS?

VOCÊ NUNCA VAI CONSEGUIR FALAR INGLÊS ESTUDANDO!

Hello, hello! Para quem não me conhece, aqui é o Felipe Espinosa. Neste artigo, quero falar um pouco sobre algo fundamental para que você tenha um ótimo desempenho ao longo da sua jornada à fluência de um idioma.

Muitos alunos e, principalmente professores de inglês que eu treino, me perguntam: “como estudar um idioma de forma com que eu (ou o aluno) realmente retenha o conhecimento?” Em outras palavras, “como estudar?

Essa pode ser um pergunta um tanto ingênua, mas para quem já passou por longas imersões em algum conhecimento, sabe o quão valiosa é – pois, afinal de contas, não é nenhum pouco óbvia!

E a resposta que eu dou a essa pergunta, geralmente é: não estude!

Eu sou linguista, poliglota e já “estudei” profundamente diversas diversos campos do saber, desde economia, até esportes e artes marciais. E sempre me deparo com a seguinte reflexão: mesmo diante de temas tão “informacionais”, como economia, nós só aprendemos coisas complexas se o nosso corpo estiver envolvido com isso.

E quando se trata de falar inglês (ou qualquer outro idioma), essa relação com o corpo se revela ainda mais influente.

E eu dou essa resposta um tanto exagerada, “não estude”, porque a palavra estudar, no nosso imaginário, está muito associada a alunos enfileirados em uma sala de aula decorando livros. Está muito mais associada a uma atitude puramente “mental” do que “corporal”.

O por que o aprendizado “corporal” é muito mais influente e potente que o aprendizado “mental”, pode ser explicado por um dos neurocientistas e intelectuais mais influentes do mundo e do Brasil: Sidarta Ribeiro.

Ele distingue dois tipos de memórias: uma consciente (ou declarativa), e outra inconsciente:

“Em seres humanos, é possível fazer uma distinção clara entre memórias que podem ser declaradas conscientes e as que não podem. Depois que a mente está educada e amadurecida, em geral é rápido e fácil aprender as memórias do primeiro tipo. Qual é o sobrenome de Bob Dylan? Quem fundou o Quilombo dos Palmares? Qual a proporção certa para fazer um bom risoto?…”

(ou seja, informações aleatórias, “mentais” – “memórias declarativas.)

São muito diferentes das memórias necessárias para pedalar uma bicicleta, surfar ou jogar capoeira. Memórias desse segundo tipo costumam demorar para serem aprendidas, pois exigem inúmeras repetições capazes de reconfigurar vastos circuitos neurais, responsáveis pela representação de hábitos sensório-motores de alta complexidade.

Não é possível ensinar alguém a surfar apenas traduzindo os movimentos em palavras. Andar de bicicleta não é o mesmo que declará-lo oralmente. Jogar capoeira é um aprendizado infalível do corpo, ainda que ler sobre essa arte afro-brasileira ajude a entendê-la.” (p. 166, in Crepúsculo da noite.)

Ou seja, as memórias do tipo “inconsciente”, são essas memórias que dependem de uma relação intensa com o seu corpo, uma vez que tratam-se de conhecimentos de “hábitos sensório-motores de alta complexidade”, como Sidarta Ribeiro menciona.

E nesse sentido, aprender uma língua é como andar de bicicleta.

Ou como jogar capoeira, dançar, surfar, dirigir…

Podemos usar exatamente o mesmo argumento que Sidarta nos deu: ficar lendo apostilas sobre a língua inglesa, ficar “estudando”, não vai te fazer falar bem!

Você precisa aprender com o seu corpo, e reconfigurar os “circuitos neurais” do seu cérebro. Falar inglês, portanto, é como um esporte!

Por acaso você ouve alguém dizendo: vou estudar futebol, vou estudar musculação, vou estudar bicicleta… ? Não!

E é a mesma coisa no nosso caso, pois eu mesmo sempre digo: vou praticar inglês!

E agora, voltemos à primeira pergunta: “como estudar inglês?”

E mudemos para: “como praticar inglês?” – Agora sim!, estamos na pergunta certa…

No nosso caso, agora pensando a partir do “conhecimento corpóreo”, podemos dizer que é exercitando o nosso aparelho fonador (os músculos da boca). O nosso aparelho fonador foi moldado com os músculos necessários para a língua portuguesa; e para conseguirmos falar inglês de forma fluida, precisamos ter a musculatura adequada.

E agora, uma resposta ainda mais específica: o que te possibilita a praticar isso, é a Fonologia. A partir da da Fonologia (e não da Gramática), todo conhecimento que chegar até você, vai ser praticado de forma corpórea.

Com a Fonologia, todas as palavras que você for aprender, vão passar por um conhecimento sensório-motor de alta complexidade (igual quando você está aprendendo a dirigir…).

Assim, o seu corpo vai reter tudo que você aprender de forma muito mais orgânica e duradoura, pois foi pensado a partir dos músculos da boca.

Outra ciência que pode ajudar muito alguém a falar, é o teatro. Já percebeu que quando falamos outra língua nos tornamos uma outra pessoa?, uma espécie de personagem? Por isso, eu também tenho estudado teatro e dramaturgia para ensinar línguas, uma vez que faz de um “texto”, de “palavras”, algo que passa a existir por meio de um corpo, de um falante (o ator).

Para concluir, eu lhe diria: pare de estudar agora! E comece a pedalar… quer dizer, praticar inglês com o seu corpo, com a “memória inconsciente”, e não apenas com o “mental”.