COMO ESTUDAR UM IDIOMA?

Com tantas informações circulando, por onde começar a estudar? Como começar? E o que fazer? Basta me expôr a toda informação que circula por aí? 

Essas são perguntas que muitos alunos meus possuem, e que inclusive será um tema a ser abordado no meu livro, a ser publicado em breve. 

E sim, o conhecimento todo está por aí, espalhado na internet e, em grande parte, de forma gratuita. Todas as palavras que eu ensino no meu curso pago, por exemplo, você facilmente consegue encontrá-las em menos de 5 segundos dando um Google – e, provavelmente, encontrará uma explicação em uma vídeo-aula que algum outro professor já fez. Isso, de fato, era bem diferente alguns anos atrás. Mas para que você consiga aprender algo, não basta só ter acesso a uma informação. Ou seja, para que uma informação realmente esteja em você de forma “fluente”, não basta apenas ler ou ver essa informação. O processo de aprendizagem é bem mais complexo do que isso! 

Vamos então entender como se dá, a meu ver, esse processo de aprendizagem. Eu me baseei na visão de um empreendedor que se dedica ao ensino, Alvaro Schocair, mentar da página do Instagram @alemdafacul. 

Segundo ele, o aprendizado é dividido em 4 partes: 

Transmissão de conhecimento 

Ordenação de conhecimento 

Aplicação de conhecimento 

e Objetivação de conhecimento.

O que acontece com os materiais gratuitos e online, mas também com muitos cursos de idiomas pagos de má qualidade, é que nós somos apenas expostos à transmissão do conhecimento: algum especialista nos passa informações sobre um assunto – no nosso caso, sobre um idioma, seja numa escola ou em conteúdos gratuitos na internet. Portanto, esta primeira parte, a transmissão, você consegue muito facilmente hoje em dia. Porém, é só a primeira parte do aprendizado. Muitos, infelizmente, só enxergam isso na hora de aprender algo novo: transmissão de informação. Mas se só isso desse certo, o Brasil inteiro já seria fluente em inglês, uma vez que há milhares e milhares de vídeo aulas gratuitas no Youtube. 

Mas por que só ter acesso à transmissão não basta?

Conjuntamente com a transmissão de um conhecimento, é necessário haver uma ordenação. O seu primeiro passo como aprendiz de um novo idioma, portanto, será encontrar uma ordenação com o monte de conteúdo ao qual você é exposto: consumir todo esse conteúdo em uma sequência que faça sentido, revisar a quantidade de vezes necessárias, usá-lo em situações diversas, etc… 

Quando um professor ensina, por exemplo, inglês a um aluno falante de português, deve levar em conta 

  • todas as dificuldades do inglês a um nativo de português, e dar uma atenção diferenciada a essas dificuldades;
  • deve levar em conta a situação do aluno e a forma com que este aluno retém o conhecimento e, a partir disso, estipular um plano de estudos que proponha quantas vezes tal aluno precisa revisar determinados conteúdos; 
  • deve levar em conta, também, o fator tempo – quantas horas semanais esse aluno poderá se dedicar? 
  • deve levar em conta o que o aluno vai aprender concretamente, a não de forma abstrata – “ficar fluente…” 
  • deve levar em conta uma série de outros fatores que influenciarão na ordem e experiência ao longo de todo o processo de aprendizagem. 

Em seguida, há a fase da aplicação; terceira fase. 

Você pode ter acesso ao melhor conteúdo, às aulas da melhor universidade do mundo com os maiores especialistas de qualquer área, mas se esse conteúdo não for aplicado do jeito apropriado, o seu aprendizado também estará muito prejudicado. 

Exemplos de aplicação do conhecimento: 

  • ensinar de forma impactante e criativa, que faça com que o aprendiz se relacione com o conteúdo e crie associações; 
  • criar contextos que sejam próximos ao da vida real, e não abstratos; 
  • criar um ambiente no qual o aprendiz tenha um vínculo e sinta-se parte de uma experiência prazerosa; 
  • ter uma “transferência” entre professor-aluno, ou seja, fazer com que a relação entre os dois seja humana e não “maquinal”.   

E agora vamos para a última etapa do aprendizado que é a objetivação do conhecimento. O que seria essa etapa? É pegar tudo o que você aprendeu nos passos anteriores e colocar à prova. No nosso caso, ver se de fato o seu novo idioma, depois de tudo, “funciona”. 

Não adiantaria de nada que você gastasse milhares de reais em aulas de idioma ou milhares de horas com conteúdos gratuitos se, na hora de falar com alguém, a comunicação não acontecesse. 

Essa etapa do aprendizado, portanto, deve levar em conta a relação do estudante com o mundo real, e não apenas o mundo das apostilas… 

Essas são as fases da aprendizagem. E, acredite, todos os conhecimentos que nós temos, seja o de falar português ou o de fazer as coisas que fazemos no nosso trabalho, nós necessariamente tivemos de passar pela Transmissão de conhecimento; Ordenação de conhecimento; Aplicação de conhecimento e Objetivação de conhecimento. Obviamente, na maioria das vezes isso ocorreu de forma fluida e inconsciente. Entretanto, é essencial um professor particular, uma metodologia ou uma escola terem plena ciência destas etapas. E, se você for autodidata, também.