Falar Inglês Cansa? Saiba o Pôr Que e como Eliminar esse cansaço com os seus Músculos.

Já parou para se perguntar por que é cansativo ficar falando em inglês? Ou mesmo quando você está em uma aula de idiomas, às vezes você praticou pouquíssimas frases, super simples, mas mesmo assim a aula parece que foi muito densa e super exaustiva, tanto para a sua boca quanto para a sua cabeça. Pode perguntar para qualquer pessoa que teve que morar em um país estrangeiro e ficar se comunicando: os primeiros dias são muito exaustivos.

Nesse processo “cansativo” de aprender uma língua, muitos alunos acabam ficando desmotivados ou até pensam que não são inteligentes o suficiente. Mas acredite, isso não se deve à sua capacidade cognitiva. Se deve mais… aos seus músculos!

Falar a língua mãe (no nossa caso, o português) é igual caminhar, e falar uma língua estrangeira é igual correr.

Essa é uma analogia muito boa quando vamos comparar o nosso desempenho quando estamos falando. Caminhar é um ato super natural, certo? Nem pensamos, para ir de um lugar a outro, simplesmente caminhamos. Isso é falar português. Uma caminhada. Claro, se falamos muito, até uma caminhada uma hora cansa.

Já correr, é algo que fazemos em situações mais específicas, em uma situação urgente, ou quando estamos fazendo exercícios. E isso cansa bem mais. Chega uma hora que não
aguentamos e queremos voltar à caminhada. É isso que acontece quando falamos uma língua estrangeira!

Claro que depois de praticarmos muito, o inglês pode virar uma “trotada”, na qual você aguenta ficar muito mais tempo sem se cansar. Mas isso depende da prática, e não do conhecimento.

É por isso que, dentro de todas as áreas da Linguística, eu estudo tanto Fonologia para ensinar idiomas. A fonologia pensa nos movimentos e sons que nosso corpo faz para nos comunicarmos em uma língua. Está muito mais vinculada aos músculos, do que apenas ao intelecto, ou significado. E por ela, nós podemos entender perfeitamente o por que falar

português é caminhar, e falar uma língua estrangeira é correr – às vezes uma maratona, uma “trotada” ou os 100 metros…

Há um termo chamado Aparelho Fonador. E é extremamente importante você saber disso para entender como conseguir se expressar em outra língua. O aparelho fonador é composto por todos os músculos e órgãos responsáveis pela fonação humana, ou seja, pela capacidade que temos de nos comunicar pela fala.

Tal conjunto tem uma musculatura específica de acordo com a língua que você fala, uma vez que cada língua tem sons, fonemas, específicos, que se repetem mais ou menos. E quando somos criança, no período crítico de aprendizado, nossos músculos vão se constituindo de acordo com as língua a que estamos expostos.

Se falamos só português, um fonema fricativo dental nos soa muito estranho, uma vez que nunca exercitamos esse som. É o TH do inglês, vozeado ou desvozeado, no qual temos que colocar a língua entre os dentes. Isso parece língua presa para gente!

Curiosidade: No espanhol da espanha, as fricativas também são muito comuns, em palavras com Z, por exemplo. É por isso que os indígenas consideravam o espanhol dos invasores como uma “língua de cobras”…

E ficar fazendo esses movimentos bucais diversas vezes para falar, faz o nosso aparelho fonador “cansar-se” rapidamente. E qual é a solução para ficar fluente e poder falar se cansando cada vez menos em um idioma estrangeiro? Decorar regras e traduções? Não… Correr todo dia! Quer dizer, praticar os músculos o máximo possível, se expondo ao funcionamento real de uma língua.

Um alemão tem muita facilidade para aprender inglês, não pelo fato de serem “mais inteligentes” ou “mais filosóficos” (estereótipos que criamos…), mas pelo fato de o aparelho fonador deles ser muito próximo do de um falante de inglês. Da mesma forma, eles têm muita mais dificuldade de aprender espanhol do que nós, falantes de português.

E você concorda comigo que, se temos um aparelho fonador com um desempenho específico, a depender de nossa língua mãe, falar uma língua estrangeira exige obstáculos específicos?

É por isso que métodos tradicionais, importados de outros países, muitas vezes não funcionam para nós, brasileiros, pois se baseiam em questões mais genéricas… E não nas dificuldades específicas que um falante de português encontra ao aprender o inglês.

Por isso eu te garanto: se você estudar o inglês focado em fonologia, e mais especificamente, nos fonemas que nós temos dificuldade de pronunciar, iremos sempre fortalecer os músculos que o nosso aparelho fonador não está acostumado. E assim, de um estado sedentário, você vai ficando cada vez mais atleta de um língua!

Só dessa forma, com prática constante e revisão, chegamos à fluência!